Depois de compartilhar o principal desafio de viver em Hong Kong, a moradia, vou falar sobre uma grande facilidade: a mobilidade.

Em vários lugares, principalmente no centro, há plataformas elevadas interligando edifícios. É possível andar vários quarteirões “no ar”, atravessar avenidas e ruas sem descer ao nível do chão. Penso que isso foi feito pensando mais nos carros, para evitar semáforos e fazer o trânsito fluir, mas é bom para os pedestres também. Essas plataformas são cobertas e ajudam a proteger do sol e chuva, além de ser mais rápido do que ficar esperando sinal de pedestre abrir.

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Acho divertido é que aqui a escada rolante é transporte público. Como o relevo é montanhoso, várias subidas possuem escadas rolante públicas. Você está andando e, de repente, no meio do passeio aparece uma escada rolante que ajuda na subida. Inclusive, Hong Kong se gaba de possuir a mais longa escada rolante ao ar livre do mundo. Na verdade, não é uma escada continua. São vários trechos de escada, cobrindo uma distância de 800 metros, que sobem uma altura de 135 metros.

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Agora, o metrô daqui é um capítulo à parte: maravilhoso. Conhecido como MTR, pela sigla em inglês de Mass Transit Railway (transporte de massa sobre trilhos). O MTR possui ar condicionado forte, o que é um alívio no calorão daqui.

A frequência dos trens é impressionante. Varia, claro, de acordo com horário e linha, mas na que costumo pegar, eles passam de um em um minuto. Apesar da frequência, quase sempre vem cheio de gente.

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Dentro do MTR em Hong Kong

Quase todas as estações são dentro de shoppings. Esses shoppings variam de tamanho de acordo com a localidade da estação, mas costumam ter supermercado, padaria, etc. É prático, pois você chega na sua estação e pode comprar o que precisar antes de acabar de chegar em casa.

Algo que agiliza a mobilidade e que eu nunca vi em outro lugar (e olha que já rodei) é que nas estações em que passam mais de uma linha, quem quer trocar de linha não precisa trocar de plataforma (cross platform interchange). Difícil de explicar, mas vou tentar. Geralmente, o que acontece nos metrôs é que em uma plataforma, passa uma linha, digamos, vermelha, de um lado indo na direção A para B e, do outro, de B para A. Quem precisa trocar de linha, chega na plataforma e tem que procurar a outra plataforma, na qual passa a linha amarela. Gastam-se alguns minutos nessa troca, pois geralmente há que mudar de linha. No entanto, na maioria das estações de baldeação em Hong Kong, a mesma plataforma tem, de um lado, a linha vermelha indo de A para B e, do outro, a linha amarela indo de C para D. Na outra plataforma da estação, a linha vermelha indo de B para A e a amarela de D para C. Quem precisa trocar de linha, basta então dar alguns passos e cruzar a plataforma. É super prático e economiza tempo! Há até um sistema dentro dos trens que indica em qual estação é melhor descer, de acordo com a direção que se vai pegar da outra linha.

O preço da viagem no MTR depende da distância em que se anda. Sempre acho isso mais justo: pagar pelo tanto que se anda. Ao entrar, você passa o cartão e ao sair, passa o mesmo cartão e o sistema calcula a distância e cobra de acordo. Esse cartão é o Octopus. É um cartão pessoal, no qual você coloca o quanto de crédito quiser (há vários lugares para recarregar, em um processo rápido e simples) e ele vai debitando os valores usados. O melhor: o Octopus não é só para o transporte urbano. Pode-se usar em milhares de estabelecimentos comerciais espalhados pela cidade. De supermercados a restaurantes, de máquinas de conveniência a carrinhos de sorvete, o Octopus é amplamente utilizado. É prático pois não precisa de troco e evita ter que ficar guardando moeda. É só tocar em uma maquininha, nem é preciso tirá-lo da bolsa. Agiliza qualquer fila. Além disso, é possível usá-lo para controle de acesso a edifícios, para pagar contas online. Pode-se ainda personalizar o cartão, como foto e fica garantido em caso de perda. Para uso temporário, para quem vem como turista, por exemplo, também vale a pena. Paga-se um depósito, que é devolvido quando o cartão é retornado.

Com tudo isso, carro é totalmente dispensável e quase não pego ônibus. Eu adoro essa agilidade e sustentabilidade! Com tanta frequência e eficiência, difícil é culpar o trânsito por algum atraso…