Novo post com curiosidades diversas de Hong Kong e da cultura chinesa.
- Uma parte importante da cultura chinesa é a busca pela harmonia, princípio que vem desde a época de Confucio. Faz parte da harmonia corporal deixar o corpo se expressar e expulsar o que tem que sair. Se deu vontade de arrotar, cuspir ou soltar um pum, deve-se atender ao pedido do corpo e não prender. Por isso na China muita gente cospe no chão. Dizem que são as pessoas mais velhas que seguem isso à risca, que os jovens hoje em dia não fazem tanto. Aqui em Hong Kong, eles têm pavor desse hábito e cuspir no chão é proibido e sujeito à multa. No metrô às vezes escuto alguém limpando a garganta como se fosse cuspir. Ou seja: obedecem a lei, mas o hábito corporal não desaparece, nem que seja pela metade, sem a parte do cuspir. No entanto, se a guerra contra cuspir é declarada, não há legislação quanto a arrotos ou peidos. Então é super comum escutar as pessoas arrotando em público na maior altura. E eles não param ou se desculpam, seguem como se fosse nada, pois é algo absolutamente normal aqui. Até gente arrotando no microfone dando palestra eu vi. O pior foi uma atendente na biblioteca da escola. Toda vez que ia pegar um material emprestado após o almoço, ela me atendia soltando uns arrotinhos. Uma vez, eu peguei o livro e fiz uma pergunta, ela se levantou e se aproximou de mim para ver o livro na minha mão. Foi quando soltou o maior arroto na minha cara. Soube até o que ela comeu. Eu comecei a rir de nervoso e tive que sair correndo com receio de ela achar ruim ou de eu ter que explicar. Apesar de ser eu que estou na cultura dela, há coisas às quais não me adapto. Ela não deve ter entendido até hoje porque eu fiz uma pergunta e saí correndo antes de escutar a resposta…
- Em toda cultura as cores são usadas para simbolizar e expressar determinados sentimentos e emoções, como luto, pureza, amor, etc. No entanto, na China a representação das cores é diferente da nossa. Branco simboliza luto. Amarelo é sorte, riqueza e a cor da realeza (na Europa a cor real é roxo). Vermelho é a cor da alegria e bastante usada em celebrações. Não só no ano novo chinês, mas é tradicionalmente a cor do vestido de noiva. Hoje em dia, com a influência ocidental, muitas noivas optam pelo branco, mas ainda vejo bastante noivas de vermelho posando para fotos pelas ruas de Hong Kong.



- Como Hong Kong pertencia à Inglaterra, aqui não teve a política do filho único: os casais podiam ter quanto filhos quiserem. No entanto, as famílias costumam ser pequenas, se comparada à China tradicional. 1 ou 2 filhos por casal no máximo e alguns não têm filhos. Acredito que o custo de vida e o tamanho das moradias influenciam nisso. Assim como na China pós política do filho único, aqui tem um fenômeno de mimar os filhos (principalmente se for menino). Há até a expressão tiger mothers, ou mães-tigre, que defendem os filhos com unhas e dentes. No metrô, quando não há mais assentos disponíveis, é comum ver os pais ou avós em pé e a criança sentada! Mas não é porque é filho único que se mima. Espera-se que os filhos cuidem dos pais inclusive após a morte, fazendo rituais no hall do ancestrais (que merecem outro post). Penso que isso influencia na questão de querer agradar os filhos, para que eles façam esses cuidados.
- Acredito que também pela questão da moradia pequena, não é muito comum ser convidada para a casa de um local. Mas se você for convidado, deve levar um presente embrulhado e os donos da casa não podem abrir na sua frente. Abrem depois e agradecem da próxima vez que encontrar. Os hóspedes se desculpam pela comida e o convidado tem que equilibrar as coisas, fazendo elogios. Mas não pode elogiar muito um objeto de decoração ou os hóspedes se sentem na obrigação de dá-lo para o convidado!
- Em Hong Kong, aqueles que têm passarinhos como animais de estimação os levam para passear aos domingos. Saem com as gaiolas pela rua. Alguns tampam a gaiola com um pano escuro.

Que gente maluca, hehe! 🙂
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