Tenho dado tanto esta dica verbalmente para quem vai para a Europa, que resolvi escrever aqui no blog. É que em cidades muito turísticas como Paris e Barcelona sempre houve golpes para arrancar dinheiro de turistas. Mas desde a crise de 2008, percebi um crescimento dos esquemas de usurpação, digamos assim. Já disse nos posts sobre segurança em Barcelona (aqui e aqui), como dificilmente um turista é assaltado, mas facilmente é roubado.
Nós brasileiros estamos acostumados à violência direta, ou seja, alguém nos apontar alguma arma, nos ameaçar e levar bolsa/carteiro/dinheiro/celular. Não estamos acostumados a maneiras mais sutis de perder dinheiro… Por isso, vale a pena ficar de olhos abertos. Alguns truques têm o princípio básico de te distrair enquanto a mão leve pega algo na bolsa. Outros usam estratégias mais elaboradas e outros esperam um momento de distração…
Quando estive em Paris pela última vez, em julho de 2011 fiquei até assustada, insegura mesmo. No período de meia hora, sofremos três tentativas de golpe (os descrevo para ajudar).
- Eu havia ido a um museu e o Chris entrou em outro, perto, mas do lado oposto do rio Sena. Quando saí e ia ao seu encontro, duas adolescentes com véu na cabeça se aproximaram de mim, com cara de assustadas, perdidas e perguntaram: Charles de Gaule? Eu estava com o mapa na mão. Minha bolsa estava atravessada no meu corpo, pendurada em um ombro e apoiada na barriga, ou seja, estava voltada para minha frente. Eu desconfiei que era um golpe. Afinal, o que duas meninas iam fazer sozinhas no aeroporto de Paris? Elas se aproximaram apontando o mapa. Dei a elas o benefício da dúvida e abri o mapa. Eu segurava o mapa de um lado e uma delas de outro, de forma que o mapa ficou estendido sobre minha bolsa, a cobrindo. Só que afastei um pouco o corpo e fiquei de olho na bolsa. A menina que segurava o mapa, ficava apontando para nele e perguntando, tentando me distrair. Mas eu fiquei de olho na mão da segunda menina. Não deu outra: veio direto na minha bolsa. Eu afastei meu corpo e fiz que não com a mão, e elas saíram correndo. Não achando nenhum policial por perto, atravessei a ponte sobre o rio Sena para encontrar o Chris.
- Quando atravessei, o vi do outro lado, conversando com uma menina que mostrava para ele uma prancheta. Eu já conhecia o truque das “mudas” em Barcelona. Umas meninas se fingem de mudas (e eu sei que não são porque já as vi conversando) e param as pessoas para mostrar uma prancheta na qual está um pedido de doação de um euro para a instituição delas. Enquanto a pessoa solidária assina o nome na prancheta, uma das meninas vem por trás e… adeus, carteira! No caso do Chris, era uma variação menos perigosa: simplesmente ela escreveu na prancheta “assinaturas” de outras pessoas e os supostos valores que eles doaram: 15, 20 euros. O Chris também estava dando o benefício da dúvida para ela e tentando entender, mas ele não sabia o que estava escrito em francês. Eu do outro lado, sem conseguir atravessar a rua, por causa dos carros. Mas ele é escolado e colocou as mãos nos bolsos, protegendo a carteira.
- Fomos caminhando juntos ao longo do Sena, apressados para o próximo destino. Vejo um homem se abaixar e pegar um anel no chão e mostra para a gente com cara de surpresa. Nós nem demos bola, pois estávamos absortos contando o que se passara nas horas em que estivemos apartados. À noite, encontramos minha amiga Simone, que morava em Paris havia 3 anos. Ela disse que isso é outro golpe. Uma pessoa “acha” um anel no momento em que o turista passa. Aí ele fala: achamos juntos, vamos dividir o dinheiro, etc.
- Anos antes, em Barcelona, sofri um golpe distinto. Estava com duas amigas. Em uma sanduicheria cheia de gente, estilo Subway, compramos a comida e fomos nos sentar. Como éramos 3, colocamos todas as bolsas na quarta cadeira. De repente nossas bolsas caíram e um homem se levantou da mesa em frente. Pegamos as bolsas depressa, sem entender direito o que tinha acontecido. Na saída, vimos uma mulher dizendo à polícia como havia sido roubada dentro do estabelecimento. Aí entendemos o truque: o homem senta na mesa atrás de onde há bolsa em cadeira. Ele senta de costas para a cadeira com a bolsa. Tira o paletó e pendura atrás da cadeira dele (que toca a outra cadeira). Depois, ele tira o paletó e sai. Mas quando tira o paletó, usa o mesmo para cobrir a bolsa que ele leva da cadeira…
As dicas então são:
– Não dar papo para estranhos na rua (como já dizia minha mãe… )
– Se estiver absorto em alguma atividade, como contemplando uma beleza ou tirando fotos, fique com sua bolsa dentro do seu campo de visão.
– Ao ler mapa ou guia, procure encostar-se a uma parede, não deixando espaço para alguém vir por trás sem você perceber.
– Desconfie de pessoas muito próximas sem razão.
– Por fim, confie em sua intuição. Se bater a voz de “peraí, tem algo errado”, verifique seus pertences e se afaste.

Muito bom, Ana. Obrigado! 🙂
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Obrigada pela presença Poló!
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