Continuando a série de fatos inusitados em viagem, para quem leu o título apressadamente reitero que nunca tentei cruzar a fronteira DO México para os Estados Unidos. rsrs Eu queria cruzar a fronteira PARA o México mesmo, vinda da Guatemala. Não é um deserto, como a fronteira do norte, com os EUA, mas foi uma aventura um pouco assustadora…
Após visitar as ruínas de Tikal, na Guatemala, contratei uma agência para me levar ao México. Acordei no outro dia de madrugada para cruzar a fronteira com aquele país. Isso foi uma grande aventura. Um motorista mal humorado levou um grupo de 11 pessoas (dois mexicanos, eu e o resto de europeus) em um mini ônibus sem banheiro por três horas numa estrada de terra chovendo. Até aí beleza. Paramos na imigração para carimbar o passaporte e o cara de lá inventou uma taxa de saída do país. Inventou mesmo, pois não existia “oficialmente”. Alguns não gostaram. Quem falou grosso, acabou não pagando.
Depois, o motorista nos deixou na beirada do rio para cruzarmos de barco até o México e saiu apressado. O suposto barco era na verdade uma canoa muito estreita (menos de 1 metro de largura) e comprida. O cara do barco disse que faltavam 40 pesos no envelope que o motorista deixou para ele e que não podia chegar ao outro lado sem. Argumentamos que todos pagamos o preço completo e que não tínhamos nada a ver com isso. Os que falávamos espanhol, ou seja, os mexicanos e eu, tivemos que falar grosso mesmo. Eu até com vergonha de traduzir para o resto do grupo o que estava acontecendo, pois era mais um golpe para arrancar mais dinheiro da gente. Depois de um tempo de impasse, o homem finalmente mandou que entrássemos na canoa. Todos sentados dentro dela. Aí custou: ele saiu, voltou, conversou em dialeto com outro cara e acabou indo. A canoa ia balançando muito pelo rio, quase virava. E nem tinha colete salva vidas. A esta altura comecei a gargalhar de nervoso.
No México, eram 10 horas e o guarda da imigração, não estava lá, estava comendo. Não entendi se era um café-da-manhã tardio ou um almoço cedo. Demorou a vir e fez mil perguntas, mas no fim deu tudo certo. Foram mais duas horas e meia apertados numa van de 10 pessoas (éramos 11), sem janelas, num calor infernal e debaixo de chuva. Uf! Travessia mais complicada que essa somente o ônibus da morte (veja aqui).

