Gostaria de terminar os posts sobre Cuba com algumas considerações e um vídeo.

Como já disse, Cuba era um dos países que mais tinha vontade de conhecer, devido ao fato de ser um sistema diferente de tudo que conheço, ou seja, não ser capitalista. Ainda que hoje em dia seja o socialismo não seja 100%, algumas diferenças se podem sentir.

Fui falando essas curiosidades nos posts, mas no geral, o que ficou para mim foi um sentimento dúbio. Por um lado, há um certo nivelamento da população. Nas ruas, tem-se a impressão de que todos são economicamente iguais, ainda que haja sim uma elite. Os cubanos passam as mesmas dificuldades de seus vizinhos e familiares. Por isso, eles se ajudam. Como no vídeopost dos motoristas de ônibus, os passageiros não se aborrecem por eles pararem para visitar parentes. Sabem que é a única oportunidade deles verem a família. Não sei se é porque os passageiros não têm pressa de chegar ou porque pensam que sua pressa não é mais importante que as saudades dos motoristas…

Muitos turistas descrevem que o país parece que parou no tempo, por causa das construções e carros antigos. Eu vi isso mais em outras questões que compartilhei com vocês, como a internet e o fato de que tudo (ingressos, passagens) é à mão, sem computador. Parece o Brasil de uns 30 anos atrás ou ainda algumas cidades do interior do Brasil. Mas lá me peguei perguntando se esse atraso na tecnologia é realmente um atraso. O ritmo é outro, mais lento. As pessoas têm mais tempo umas pras outras. Os lugares públicos são muito frequentados. Muita gente fica conversando, namorando ou jogando dominó na rua (super popular no país) após o trabalho. As praias estão cheias de gente a qualquer hora. Não vi ninguém se enfurecendo por esperar em filas por muito tempo. Não há grupo de amigos em que cada um está digitando no seu celular. Pareceu-me que eles estão mais pertos uns dos outrosque nós. Não sou tecnófoba ou nem perto disso. Mas realmente me pareceu que os cubanos estão aproveitando mais a vida que nós, com nossos inúmeros aparelhinhos e nossa correria diária.

Em uma cidade de passagem, Camaguey, em que tive que pernoitar, vivi um dos momentos mais significativos da viagem. Saí para dar um passeio e no meio dele, uma tempestade desaguou. As ruas ficaram desertas rapidamente. Tive a impressão que algumas pessoas entraram em casas que nem eram a sua, para proteger-se. Até eu tive convite para entrar em uma, mas recusei porque estava fazendo o vídeo abaixo. Protegi-me com outros turistas em um degrau e sob uma marquise, mas a rua começou a virar um rio. Eu preocupada em não molhar câmera, passaporte, etc. Até que olhei para um lado e vi três meninos que se divertiam adoidado debaixo da chuva. No telhado de uma casa, tinha um cano em que saía água. Os meninos, de shorts, pulavam, brincavam, se revezavam debaixo daquele cano, como se fosse a coisa mais divertida da terra. O mundo poderia acabar em chuva que eles estavam ali, aproveitando o momento….

Vejam o vídeo, em que nada demais acontece, mas como o nada pode ser prazeroso!

Essas duas fotos resumem Cuba, ou Havana, para mim: carros e casas antigas e transporte de bicicleta...
Essas duas fotos resumem Cuba, ou Havana, para mim: carros e casas antigas e transporte de bicicleta…
...e pessoas nas ruas, muitas pessoas
…roupas na janela e pessoas nas ruas, muitas pessoas