Estava eu a perambular por Portugal, tentando entender aquela língua estranha que falam por lá. Os portugueses tendem a comer as vogais e falar rápido. Passei alguns apertos para entender algumas coisas e às vezes ficava até com vergonha de pedir para repetirem. Mas o que me intrigou muito foi que não consegui comprar bala lá. Estava em uma lanchonete m uma cidadezinha do interior. Cheguei ao balcão, não vi bala e perguntei:

-Você tem bala?

– Bala aqui é só de revólver.

– Bom, como se chama aqui aquele doce?

Aí o senhor me mostrou um chiclete.

– Não. O outro: tem chiclete e tem o outro doce.

Fui apresentada a um pirulito. Ainda tentei arriscar um castelhano:

– Talvez caramelo?

Nada feito. Saí sem conseguir comprar a bendita bala. Parece que realmente não havia, pois não consegui ver nenhuma. De qualquer maneira fiquei sem saber se fizeram hora com a minha cara ou não.

Somente alguns anos depois, já de volta ao Brasil, conheci uma portuguesa que morava aqui há alguns anos. Perguntei curiosíssima:

-Pelo amor de Deus, como se fala bala em Portugal?

– Rebuçado

Ah, tá…

Nem me esforçando muito conseguiria adivinhar…

Casa da árvore, Guimarães, Portugal
Capela de ossos humanos, Évora, Portugal