Relato aqui os primeiros choques culturais, isto é, as coisas que mais me impactaram nos primeiros dias em Hong Kong, por ser diferente de nossa cultura:

cena comum: pessoas usando máscaras cirúrgicas em lugares públicos
cena comum: pessoas usando máscaras cirúrgicas em lugares públicos

1) Primeiríssimo choque ocorreu já no aeroporto, na chegada. Vários funcionários usando aquelas máscaras cirúrgicas. Depois percebi que é só sair à rua e ver o quão comum é encontrar várias pessoas com a máscara. Para mim, dá impressão que a pessoa está morrendo, não pode nem pegar um resfriado. Mas aqui o pessoal trata como medida de prevenção de gripes. Quem trabalha com muito público, usa para se proteger e quem está resfriado, usa para não contaminar as pessoas. No meu segundo dia, fui à universidade pela primeira vez e, em uma palestra, a professora usava a tal máscara. Achei muito estranho, como algo que impedia a comunicação própria. Claro que ficou difícil de entender. Aliás, isso leva ao choque cultural número 2:

2) Muita gente aqui não fala inglês, apesar de Hong Kong ter pertencido à Inglaterra por mais de 100 anos e ser oficialmente bilíngue. E dos que falam, existem vários cujo nível não é muito bom. O sotaque é forte e no início até meu esposo, britânico, tinha dificuldade de entender as pessoas.

3) Quanta gente! Muita gente nas ruas, no metrô, em todos os lugares. A densidade populacional daqui é uma das mais altas do mundo: 6.500 pessoas por km2. Ok, São Paulo tem mais de 7000 por km2. Acontece que São Paulo tem uma área de quase 8000 km2 e Hong Kong tem apenas 1100 km2, dos quais 70% é área verde ou praia. É tanta gente junta que para andar na rua muitas vezes tenho a sensação de que estou em um videogame, tendo que desviar das pessoas, tentando não derrubar ninguém nem ser derrubada.

4) Todo mundo que está sozinho fica de olho no celular, grudado, quase um caso de amor com o aparelho. Gente, as pessoas caminham olhando para o celular! Numa estatística rápida que eu fiz olhando sobre os ombros das pessoas vi que 50% das que estão ”caminhando e celulando” estão em redes sociais como Wechat (o whatsapp da China) ou Facebook e os outros 50% estão… jogando CandyCrush! O pessoal é viciadíssimo nesse jogo! Andando e jogando. Em vários lugares, como shopping centers, há estações gratuitas, com tomadas e cabos, para recarregar o aparelho, qualquer que seja a marca.

No Metrô. Quantas pessoas não estão envolvidas com o celular?
No Metrô. Quantas pessoas não estão envolvidas com o celular?
Recarregador gratuito de celular, comum em qualquer shopping de Hong Kong.
Recarregador gratuito de celular, comum em qualquer shopping de Hong Kong.

5) Isso prova a segurança do lugar, pois ninguém tem medo de ser roubado (só há perigo de trombarem ou caírem e o metrô tem vídeos engraçados sobre isso, alertando as pessoas para não ficar olhando no celular o tempo todo). Aliás dois sinais de segurança: as pessoas dormem profundamente no metrô, ônibus e até em algum canto à sombra, como bancos e passeios públicos, no intervalo do almoço. Agora o que mais me surpreendeu foi a estação perto da nossa casa: várias pessoas vêm de bicicleta até a estação para pegar o trem pro trabalho. Deixam a bicicleta na rua o dia inteiro até regressar. Alguns deixam trancada em grades, mas outros não. Só uma correntinha que prende a roda, mas não impede ninguém de pegar a bicicleta. De fato, Hong Kong está entre as 10 cidades mais seguras do mundo.

Bicicletas ficam o dia inteiro na rua e não são roubadas.
Bicicletas ficam o dia inteiro na rua e não são roubadas.

 

6) Ninguém atravessa a rua com o sinal de pedestres vermelho, mesmo que não venha nenhum carro. Se alguém atravessar, pode saber que não é alguém local. Turista ou estrangeiro. Como eu, por exemplo. Hehe.

7) Faz muito calor aqui no verão. Chegamos em agosto e muita gente, homens e mulheres, usam sombrinhas para se proteger do sol forte. Adorei a ideia. Ajuda mesmo. Não sei com não fazemos isso no Brasil.

Sombrinhas para se proteger do sol
Sombrinhas para se proteger do sol

Esses foram os primeiros aspectos que deu para notar, mas tem muito mais que vou compartilhando com vocês, a bordo do outro lado do mundo…