Curiosidades de Cuba 10: vivendo a ditadura

Na saída de Cuba levei um susto e foi a vez em que senti mais forte estar numa ditadura. Meu namorado havia levado uma mala de 23 quilos para eu trazer para o Brasil, adiantando a mudança. Na volta ao Brasil, tinha direito a duas malas de 23 quilos e despachei essa mala e minha mochila. Alguns minutos depois, ainda faltava tempo para o voo, escuto chamarem meu nome no autofalante pedindo que me reportasse a alguma autoridade aeroportuária. Procurei alguém e me disseram que devia haver algo nas minhas malas que eles queriam averiguar, mas que eu tinha que passar a imigração primeiro. Como faltava ainda, esperei um pouco para passar a imigração e ficamos tentando adivinhar o que poderia ser que tivessem visto no scanner e não ter entendido: bastão de caminhada, latinhas, remédios…

Quando passei a imigração, fui aonde me indicaram. Entrei numa salinha, vi a mala do Chris em um canto e tinha um senhor lá com sua mala aberta numa mesa, com alguns livros. O policial estava pegando cada livro e folheando! Entendi o que era então, pois a mala do Chris estava cheia de livros… Tive um tempinho para me preparar. Por experiências anteriores, sabia que quanto menos se fala, melhor.  Devia só responder as perguntas. O senhor saiu e foi minha vez. O policial: esta mala é sua? “sim”. Abra por favor. Não sei se por nervosismo, mas não consegui abrir o cadeado, que abria com código numérico. Dei o código para ele, que me ajudou. Ele começou a tirar os livros, olhando os títulos. Viu que era tudo em inglês e perguntou se eu lia em inglês. Disse que sim e sorri. Ele olhou para minha cara e disse que podia guardar as coisas. Tentei voltar tudo para a mala o mais rápido possível e fechei o cadeado. Havia dentro dela também um porta cd com uns 200 DVDs. Imagine se ele quisesse ver um por um!?

Foi ruim a sensação de invasão de privacidade. Fiquei nervosa sem nem ter razão pra isso. O fato é que a mala chegou no Brasil sem o cadeado… Não sei eu não fechei direito e caiu ou se alguém tirou…