O primeiro navio em que trabalhei, foi o que foi usado naquela série dos anos 70: o barco do amor.

E o que dizer do amor dentro de um navio de cruzeiro?

Muita, muita coisa (tanto que precisarei de mais de um post). As relações que surgem dentro de um navio são um prato cheio para um estudo sociológico: não são iguais ao “mundo de fora”. A proximidade, o convívio constante em um ambiente que é trabalho e casa, do qual nunca se pode afastar por muito tempo, faz com que surjam novas regras de convivência.

Tudo é muito intenso e rápido: as pessoas se tornam amigonas na primeira semana, inimigas por nada, apaixonam-se num instante, passam a viver na mesma cabine tão logo iniciam um relacionamento, têm que desapaixonar-se rápido quando o par vai embora, logo já estão com outra pessoa.

Assim que cheguei, comentei com uma marinheira sobre a regra de não poder se envolver com passageiros. Ela me falou: passageiros vão embora em uma semana. Você tem que arrumar alguém entre os tripulantes.

Pensei: e quem falou que eu quero arrumar alguém?

Logo logo vi porque ela falou isso, vi como funcionam as coisas. Na primeira semana houve festa da tripulação e senti-me como se estivesse entrando em um presídio: todos os homens olhando e sorrindo para mim. A solidão do trabalhador do mar, a distância da família, o estresse do trabalho pesado, faz com que a grande maioria dos tripulantes busque um relacionamento afetivo a bordo.

O problema é que há muito mais homens que mulheres num barco. Este fato faz com que as mulheres a bordo sejam disputadas a unhas e dentes (e presentinhos e favores). Isso aumenta a auto-estima de muitas mulheres que não conseguem namorados em terra, chegam num navio e são disputadas. As que são um pouco bonitas podem ficar incrivelmente metidas, com tantos pretendentes. Um marinheiro falou que abriria um negócio: resolver problemas de auto-estima de mulheres. Seria só colocá-las para trabalhar em um navio. hahaha

Lembram da piscina do Barco do amor?
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