Final de semana passado estive no Rio. Fui fazer uma gravação de um projeto social para um vídeo. Não sabia exatamente onde seria até o momento de entrar no carro: favela do Jacarezinho…
Logo na entrada, tivemos que abaixar os vidros do carro, para que os traficantes vissem quem éramos. Como conhecem as pessoas do projeto, que me levavam, “permitiram” a passagem.
Vi várias pessoas com caixas cheias de drogas, como se fossem camelôs. Escutei:
– crack de um e maconha de dois.
Fiquei curiosa: 1 ou 2 o quê? Gramas, pacotes? Reais não pode ser… muito barato.
Mas depois me informaram que sim: eram 1 e 2 reais!!!! Como assim? Muito barato! Qualquer pessoa pode comprar!
Na saída, tivemos que passar a pé nesta rua. Senti-me numa cena desses filmes como Cidade de Deus. A poucos centímetros de mim, pessoas jogadas na rua, se drogando. Outras vendendo cocaína, maconha e crack tão abertamente como se vendessem CDs nas ruas… Olhava tudo com olhos curiosos e depois me falaram que ainda bem que eu estava de olhos escuros e não dava para ver onde eu olhava, porque estava olhando muito. Mas parecia tudo tão natural que cheguei a perguntar:
– O que é isso amarelo?
Ainda bem que o traficante não escutou e o pessoal do projeto me falou que era crack.
Ao meu lado passou um homem com uma metralhadora enorme…
Já fui a muitas comunidades carentes, inclusive favela em Belo Horizonte. Já tinha visto aquela enorme quantidade de lixo na rua, o tamanho minúsculo das casas para várias pessoas, crianças brincando ao lado do esgoto aberto, já escutei histórias de vidas destruídas pela droga, etc, mas vê-la assim tão solta me chocou.
Só há 3 possibilidades para tamanho descaro:
1) Os traficantes sabem que a polícia não vai aparecer por ali.
2) O crime é realmente tão “organizado”, que possui um esquema rápido de evacuação, com informantes nos arredores e lugares para esconder a “mercadoria”.
3) As duas hipóteses acima juntas.
Sem comentários…
nossa, clarinha…
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Pois é. Continuo sem comentários. Foi mais emocionante que minha experiência de jornalismo de guerra na Bolívia, que ainda tenho que contar aqui…
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Nossa Clara,Choquei !!!!!
Se fosse eu, nem iria…
Parabéns foi corajosa!
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UAU, e mesmo assim conseguem enganar todo o mundo passando uma imagem de lugar seguro para realizar uns jogos olímpicos….dá uma raiva esse descaso, esses 60 anos sem investir em educaçao…será que algo vai mudar de hoje a daqui a 6 anos?
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hahaha. Nao teve muito jeito de escolher nao ir. Mas valeu a experiencia.
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