A respeito do post anterior, sobre os anjos, transformo em post um comentário do meu amiganjo Poncho (feito na versão em castelhano do blog):

“Às vezes nossos anjos são seres a quem nunca conhecemos. Talvez já morreram, talvez estão longe, no entanto, podemos conectar-nos com eles pelas obras que nos deixaram, principalmente os escritos.

Assim, sinto que alguns “anjos” foram Jesus, Juan Rulfo(1), Juan José Arreola(2), Luis Barragán(3) e nosso querido Eduardo Galeano(4).

Retomando as palavras do mestre uruguaio, reproduzo minha percepção de mensageiro:

“Quem são os meus contemporâneos? — pergunta-se Juan Gelman. Juan diz que às vezes encontra homens que têm cheiro de medo, em Buenos Aires, em Paris ou em qualquer lugar, e sente que estes homens não são seus contemporâneos. Mas existe um chinês que há milhares de anos escreveu um poema, sobre um pastor de cabras que está longe, muito longe da mulher amada e mesmo assim pode escutar, no meio da noite, no meio da neve, o rumor do pente em seus cabelos; e lendo esse poema remoto, Juan comprova que sim, que eles sim: que esse poeta, esse pastor e essa mulher são seus contemporâneos.”

Eduardo Galeano. O Livro dos Abraços. ed. L&PM, pág. 242”

Notas Ana Clara:

(1) Escritor mexicano, que escreveu dois livros: Chão em chamas e Pedro Páramo (este último tem um dos melhores começos de livro para mim).

(2) Escritor mexicano

(3) arquiteto mexicano

(4) escritor uruguaio, a quem  tive o prazer de conhecer em Montevideo.