Como se comunica o/a marinheiro/a com a família em terra? A internet a bordo, via satélite, não só era paga, como era bem cara e lenta. Em toda cidade portuária existem lojas para marinheiros, que oferecem acesso à internet, cabines telefônicas e vendem cartões que permitem falar vários minutos com o país desejado. O problema é que nem todos têm tempo para sair do navio. O fuso horário também pode ser um empecilho: o horário tranqüilo para ligar, durante a tarde (porque os passageiros estão quase todos fora e há menos trabalho), pode ser muito cedo para comunicar-se com os países latinos para quem está do outro lado do Atlântico. Nos navios em que trabalhei, no horário que seria bom de ligar, pela noite, navegávamos e não havia como ligar. Para a família ligar para o barco, só em casos de emergência e só para quem tem telefone na cabine, claro.  Nos dias de navegação (mais de 24 horas em aportar) estávamos totalmente incomunicáveis,  porque nada pegava (celular, internet). No  meu segundo navio, passava 3 dias por semana na Itália. Então comprei um modem italiano, me conectava com o notebook na parte de cima do navio e usava o “santo” skype (programa grátis de telefonia pela internet) para falar com amigos/as e família. Toda quinta tinha horário marcado com minha mami, que se conectava do Brasil.

Ainda sobre comunicações, algo curioso é que, num navio, o sobrenome praticamente fica sendo a função que se exerce, por exemplo: Ana Clara de excursões, Gisele bailarina, Fulano, carpinteiro… Isso não é uma volta às origens???

Festa de Hollywood, só para a tripulação. Estou no canto direito, de Betty Boop (me "obrigaram" a ir vestidda da minha sósia)