Macau é uma região administrativa especial da China que está a uma hora de Hong Kong de ferry boat. Antes de eu conhecer a cidade, as pessoas em Hong Kong me diziam para não esperar muito, que não era muito bonita. Geralmente quando vamos com baixa expectativa é que nos surpreendemos positivamente, pois achei Macau interessante e divertida. Especialmente para nós brasileiros, porque dá para nos sentirmos um pouco em casa. Macau foi colonizada pelos portugueses, de meados do século 16 até 1999. Como português e chinês são as línguas oficiais, todas as informações públicas, como sinalização e cartazes, estão em ambas as línguas. Essa mistura por si só é curiosa, ainda mais para quem não está acostumado ao português de Portugal. Por exemplo, o cartaz abaixo pede para não “deitar” o lixo no chão.

Cartaz em Macau em chinês e português de Portugal.
Cartaz em Macau em chinês e português de Portugal.

Depois de meses em Hong Kong, eu tinha esperança de falar minha língua materna ao vivo com alguém, mas não foi possível. As pessoas que eu encontrei no comércio e atrações turísticas, mal falavam inglês, quanto mais português! Falei “obrigada” algumas vezes, que talvez seja a palavra mais básica de um idioma, mas nem isso eles entendiam. Apesar disso, os nomes de ruas e lugares em português facilitam para nós.

A maioria das pessoas que está em Hong Kong acaba fazendo um passeio de um dia em Macau. No entanto, para quem quer passear tanto nos cassinos quanto na parte histórica, o tempo fica apertado. Vale a pena dormir lá uma noite, até porque os preços são melhores que em Hong Kong.

Macau é constituída pela península de Macau e a ilha de Cotai, conectadas por duas pontes. Cotai reúne os principais cassinos e shopping centers. Macau é a capital asiática de jogos, contendo alguns dos mesmos cassinos de Las Vegas. Vale a pena entrar nos cassinos, mesmo para quem não joga, porque eles em si são uma atração.

Os principais cassinos em Cotai são: The Venetian, com réplica da cidade de Veneza, seus canais e até gôndolas; o recém inaugurado The Parisian, com réplica da torre Eiffel; e o City of Dreams. Além disso, recomendo uma ida ao centro de lazer Studio City, que tem atividades pagas, como uma roda gigante em forma de 8, shows de mágica e atração em 4D. Também dá para se divertir dentro dele sem gastar nada, pois há vários jogos interativos e de realidade virtual pelos corredores e uns vídeos espetaculares inclusive com hologramas.

Hotel e cassino The Venetian, em Macau
Hotel e cassino The Venetian, em Macau
Hotel e cassino The Venetian, em Macau
Hotel e cassino The Venetian, em Macau
Jogo interativo na City Of Dreams, em MAcau
Jogo interativo na City Of Dreams, em Macau

O melhor de tudo é que esses lugares de entretenimento têm ônibus gratuitos entre eles e para os portos, aeroporto e centro histórico. Esses shuttles circulam regularmente. Não importa se você realmente vai entrar no destino, é só subir e sentar, ninguém pergunta nada. Sabendo aproveitar, dá para se deslocar por Macau inteiramente grátis. Do porto, pode-se ir para um cassino e dele para outro ou para o centro histórico.

Já na península, os principais cassinos são Lisboa, um dos mais antigos e bem suntuoso e o The Sands, com réplica de Roma incluindo o Coliseu. Valem uma entradinha se tiver tempo. No entanto, a principal atração da península é o centro histórico, que é patrimônio da humanidade pela Unesco. São 30 lugares que podem ser percorridos a pé no sentido sul-norte. O percurso é numerado e fácil de fazer e as atrações não requerem muito tempo em si. Nos portos e informações turísticas, há mapas gratuitos e com explicações, inclusive em português. Lembre-se de pegar o seu.

O lado bom é que todas as atrações são gratuitas. Por outro lado, a maioria é aquele estilo colonial português que estamos mais que acostumados no Brasil. Só que muito inferiores. Não há barroco, por exemplo. As igrejas não chegam aos pés daquelas em nossas cidades históricas como Ouro Preto. Portanto não recomendo fazer todo o circuito. O que mais gosto são duas lindas casas em estilo chinês, exatamente porque são diferentes para nós: a Casa do Mandarim e a Lou Kau Mansion.

Lou Lak Mansion em Macau
Lou Kau Mansion em Macau
Casa do Mandarim, em Macau
Casa do Mandarim, em Macau
Interior da Casa do Mandarim, em Macau
Interior da Casa do Mandarim, em Macau

Além disso, as Ruínas de São Paulo são o cartão postal da cidade. É só uma fachada, que é o que restou da igreja. Está em um lugar mais elevado então pode-se ter uma vista da cidade, assim como do forte que está ao lado.

Recomendo ainda outras duas atrações que não fazem parte do circuito, mas estão no centro histórico: o Jardim Lou Lim Leoc é em estilo chinês, com laguinhos, pontes e muita gente tocando, jogando e fazendo tai chi. Há também um pequeno e bonito museu do chá. Está a uns 10 minutos caminhando da ruínas de São Paulo.

jardim Lou Lim Leoc, em Macau
jardim Lou Lim Leoc, em Macau

A Rua da Felicidade foi usada como locação do segundo filme de Indiana Jones. É bonitinha, com casas típicas e antigas. Localiza-se perto do teatro. E por quê o esse nome? Era onde ficavam os bordéis da cidade.

Rua da Felicidade em Macau, onde foi filmado parte do segundo filme do Indiana Jones
Rua da Felicidade em Macau, onde foi filmado parte do segundo filme do Indiana Jones

Em Macau vendem-se por todos os lados as egg tarts, que são os pastéis de nata, aquele doce português. No entanto, não acho tão gostosas quanto os originais. A textura é diferente, com a parte interior mais líquida… De qualquer maneira, experimente pois, como dizia o poeta português Pessoa e eu sempre gosto de repetir: “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Dicas práticas:

Chegando lá: Uma hora em ferry de Hong Kong ou 15 minutos de helicóptero. Estão também construindo uma ponte sobre o mar ligando as duas cidades. Macau tem aeroporto, mas geralmente é mais fácil pousar em Hong Kong.

Em relação ao ferry, há dois portos de saída de Hong Kong e um porto na península e outro na ilha em Macau. Portanto, olhe na internet qual combinação sai melhor para você, dependendo de onde estiver em Hong Kong e aonde quiser ir em Macau. Chegue uma hora antes da partida para dar tempo de comprar o ticket e passar pela imigração. Os assentos geralmente não são marcados na horas da compra, mas quando passa-se o primeiro portão, eles colocam um adesivo com o número. Dá para ver o mapa com os assentos, então se preferir janela, peça nesse momento.

Não se esqueça de levar o passaporte, pois há controle para entrada e saída.

Moeda: em Macau a moeda é a patacas, que tem paridade com o dólar de Hong Kong (variando no máximo 10%). No entanto, em Macau aceitam tranquilamente a moeda de Hong Kong, ainda que algumas vezes devolvem o troco em patacas. Em Hong Kong não aceitam as patacas se tiver dólares de Hong Kong então nem vale a pena trocar. Se trocar, lembre-se que você só vai gastar com comida e compras. Um táxi eventualmente se não quiser aproveitar os ônibus gratuitos. Se for jogar nos cassinos, não se preocupe pois eles aceitam cartão de crédito.

Dia para visitar: Os cassinos ficam abertos 24 horas por dia 7 dias por semanas. No entanto, se quer visitar o centro histórico, evite segunda (quando a maioria das atrações do centro histórico está fechada) e quarta (quando a casa do mandarim está fechada).